Quem foi Victor Valla
Victor Vincent Valla nasceu em Los Angeles no dia 8 de agosto de 1937. Em 1959, concluiu sua formação geral na Saint Edwards University, em Austin, no Texas. Chegou ao Brasil em 1964, logo após o Golpe Militar, como missionário da ordem católica Irmãos de Santa Cruz. Costuma dizer que veio salvar as almas do terceiro mundo, mas foi salvo por elas. Saiu da congregação e teve contato com religiosos atuantes em causas humanitárias e sociais, como Leonardo Boff e Frei Beto. Conheceu e estudou a Teologia da Libertação e passou a se interessar pela história do Brasil. Fez mestrado e doutorado em História Social na USP (Universidade de São Paulo) naturalizou-se brasileiro e dedicou-se a estudar a pobreza brasileira.
Em 1984, incentivado por amigos, prestou exames para professor da ENSP e conquistou o primeiro lugar, dando início a uma trajetória de mais de 40 anos de engajamento político e de trabalho junto aos pobres, atuando diretamente com os segmentos mais miseráveis da população, conciliando saber científico e experiência popular.
Mais tarde tornou-se Pesquisador do Departamento de Endemias Samuel Pessoa da ENSP, formou gerações de sanitaristas e enriqueceu o campo da saúde pública com o conceito e as experiências em educação popular. Lutador de causas sociais, era um dos maiores incentivadores do enfrentamento das desigualdades sociais no país. Exerceu na prática o conhecimento que pregava e ajudou a construir a identidade contemporânea da ENSP e da Fiocruz.
Foi um dos criadores do Centro de Estudos da População da Leopoldina (CEPEL), criado entre 1987 e 1988, considerado, segundo ele, um brilhante momento de fusão da vida acadêmica com as aspirações populares, e onde passou a ter contato mais próximo com as comunidades.
O pesquisador também desenvolveu na ENSP um trabalho de vigilância civil, com uma proposta de ouvidoria coletiva, na região da Leopoldina. A equipe da ENSP localizou três centros de saúde como referência e criou comissões nas quais eram discutidos o acesso à alimentação, a serviços de saúde, a condições de vida e a moradia, ao saneamento e a formas que foram desenvolvidas para superar os problemas. Além disso, esteve à frente de disciplinas como Globalização e Saúde, voltada para discutir questões como Alca, FMI, Banco Mundial e o que essas instituições têm a ver com saúde brasileira; e Religiosidade Popular em Saúde, transformada em um curso de aperfeiçoamento, com duração de seis meses.
Em 9 de setembro de 2008, o Conselho Deliberativo da Fiocruz aprovou, por unanimidade, a indicação de Victor Vincent Valla para o título de professor emérito da Fundação. Em cerimônia na ENSP, comoveu a todos ao agradecer pelo reconhecimento do seu esforço em fazer pesquisa sobre as condições de vida e trabalho das classes populares.
Em 2005, lançou o livro “Para compreender a pobreza”, coletânea com outros autores, onde propõe uma compreensão de forma descomplicada, sem perder o rigor da análise exigida pela complexidade do tema. Em linguagem clara e acessível, o livro da coleção “A Academia e a Rua”, transpõe o ambiente acadêmico para chegar às mãos de quem, sem ser especialista, preocupa-se com as condições sociais do Brasil.
Valla sempre afirmava, que fez do correto entendimento dos valores e necessidades das classes menos favorecidas sua razão de viver.
Em 2001, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), que o afastou das comunidades, mas continuou trabalhando em sua sala no Departamento de Endemias Samuel Pessoa, orientando e preparando suas aulas. Era visto com frequência nas atividades e cerimônias realizadas na ENSP.
Victor Valla partiu no dia 7 de setembro de 2009.
Fonte de pesquisa:
https://agencia.fiocruz.br/victor-valla
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